Cabeçalho a partir de Futureland, Cairo. 2010, Nuno Cera. Cortesia do artista. | Header from Futureland, Cairo. 2010, Nuno Cera. Artist's release.
CURADORIA VERSUS HISTÓRIA DA ARTE VERSUS CRÍTICA DA ARTE
Workshop* e Mesa Redonda**
29, 30 e 31de Maio | Goethe Institut
Organização: Núcleo de investigação Arte, Critica e Política do IHA/FCSH/NOVA e Maumaus, com o apoio Goethe Institut
*Entrada livre com número de inscrições limitado.
**Entrada livre e sujeita à lotação da sala.
Para mais informações contactar [email protected].
Resumo
O recente desenvolvimento da curadoria como prática museológica, bem como a sua afirmação enquanto campo autónomo de investigação veio trazer importantes transformações às práticas, metodologias e modelos tanto da história da arte, como da crítica de arte. Não se trata de um confronto ou de uma oposição, mas de transformar a configuração dos territórios de cada uma destas disciplinas.
A deslocação operada pelas práticas curatoriais do foco de interesse nas ideias de estilo, autoria e período histórico, para uma ideia mais ampla e expandida de exposição, tem consequências que importa identificar e discutir. Transformações estas verificadas não só na necessidade da redefinição dos diferentes âmbitos das disciplinas dedicadas às artes visuais, mas que obrigam também a rever a ideia de museu, de arte e de artista.
Workshop com Sabeth Buchmann, Jürgen Bock e Nuno Crespo.
29 de Maio | 17h00-19h00
30 de Maio | 11h00-16h00
31 de Maio | 11h00-15h00
Mesa Redonda com Joana Cunha Leal, João Ribas e Sabeth Buchmann.
Moderação por Jürgen Bock
31 de Maio | 18h00
Oradores
Sabeth Buchmann, historiadora de arte e crítica de arte, Berlim/Viena; professora de História da Arte Moderna e Pósmoderna na Academia de Belas Artes de Viena. As suas publicações incluem: Hélio Oiticica, Neville D’Almeida and others: Block-Experiments in Cosmococa (2013, em coautoria com Max Jorge Hinderer Cruz); Film Avantgarde Biopolitik (2009, coeditado com Helmut Draxler e Stephan Geene); Denken gegen das Denken. Produktion – Technologie – Subjektivität bei Sol LeWitt, Yvonne Rainer und Hélio Oiticica (2006); Art After Conceptual Art (2006, coeditado com Alexander Alberro). Coeditora da série PoLyPen (b_books, Berlim). Membro do Conselho Consultivo de Texte zur Kunst (Berlim).
Jürgen Bock é diretor do Programa Independente de Estudos das Artes Visuais da Maumaus, bem como do espaço expositivo associado Lumiar Cité, em Lisboa, onde, a partir de 2009, comissariou exposições de Maria Thereza Alves, Pedro Barateiro, Manthia Diawara, Harun Farocki, Ângela Ferreira, Peter Friedl, Renée Green, Florian Hecker, Judith Hopf, Christodoulos Panayiotou, Simon Thompson, Allan Sekula, Fredrik Værslev e Francisco Vidal, entre outros. Comissariou exposições de Andreas Siekmann na Trienal da Índia (Nova Deli, 2005) Ângela Ferreira na 52ª Bienal de Veneza (2007), Heimo Zobernig no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (Madrid, 2012) e Allan Sekula, no La Criée (Rennes, 2012) e no Johann Jacobs Museum (Zurique, 2013).
João Ribas é Diretor Adjunto e curador sénior do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto. Anteriormente foi curador do MIT List Visual Arts Center (2009–13) e do The Drawing Center, Nova Iorque (2007–09). Ribas recebeu em quatro anos consecutivos o prémio da AICA para a melhor exposição (2008–11) e um Emily Hall Tremaine Exhibition Award (2010). Os seus projetos recentes incluem exposições de artistas como Chris Marker, Nairy Baghramian, Akram Zaatari, Joachim Koester, The Otolith Group, Frances Stark, Stan VanderBeek, Manon de Boer, Unica Zurn e Ree Morton. João Ribas tem publicado artigos em diversas publicações e revistas, de onde se destacam: Artforum, ArtReview, Mousse, Afterall, The Exhibitionist, Artnews e Art in America. A sua próxima publicação – In the Holocene (Sternberg, 2014) – centra-se na noção de arte como uma ciência especulativa.
Joana Cunha Leal é professora auxiliar do departamento de história da arte da FCSH-NOVA, onde ensina teoria da arte, historiografia e história da arte contemporânea. Tem um doutoramento sobre arquitectura e políticas urbanas nos séculos XVIII e XIX (2006). Desde 2010, estuda os modernismos e as vanguardas históricas ibéricas, também do ponto de vista da historiografia. Foi bolseira Fulbright em 2011 e do Stone Summer Theory Institute (2010-2011). Foi IR do projecto Southern Modernisms financiado pela FCT (2015). É directora do Instituto de História da Arte da FCSH-NOVA.
Nuno Crespo nasceu em Lisboa em 1975, cidade onde vive e trabalha. É licenciado e doutorado em filosofia pela Faculdade de Ciência Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e é investigador do Instituto de História da Arte da Universidade Nova de Lisboa. A suas actividades de investigação têm sido dedicadas ao cruzamento entre arte, arquitectura e filosofo e às possibilidades de exercício do pensamento crítico. E tem dedicado artigos a autores como Adolf Loos, Aldo Rossi, Kant, Peter Zumthor, Wittgenstein e Walter Benjamin. Das suas publicações podem destacar-se trabalhos sobre Adriana Molder, Aires Mateus, Axel Hütte, Bernd e Hilla Becher, Candida Höffer, Carrilho da Graça, Daniel Blaufuks, Fassbinder, Gerhard Richter, Luisa Cunha, Miguel Ângelo Rocha, Nuno Cera, Paulo David, Pedro Costa, Rui Chafes, Vasco Araújo, entre outros, e os livros “Wittgenstein e a Estética” editado pela Assírio & Alvim e “Julião Sarmento. Olhar Animal.” Em prolongamento das suas actividades de investigação é crítico de arte do Jornal Público e fez a curadoria de exposição como “Fantasmas” de Nuno Cera no CCB (Lisboa) “Corpo Impossível” com Adriana Molder, Noé Sendas, Rui Chafes e Vasco Araujo no Palácio de Queluz, “Encontro Marcado” de Adriana Molder no Museu de Belas Artes de Oviedo (Espanha), pela exposição antológica de Pires Vieira no Museu da Cidade de Lisboa, “Imponderável” Miguel Ângelo Rocha, “Involucão” de Rui Chafes na Casa-Museu Teixeira Lopes (Vila Nova de Gaia), “Serralves” de João Luis Carrilho da Graça (AppletonSquare), “Fragmentos. Arte Contemporânea na Colecção Berardo” (Museu de Arte Contemporânea de Elvas), “Aires Mateus. Voids” (AppletonSquare), Riso (Museu da Electricidade), "Dois deles de Jorge Molder" (Appleton Square), An-Arquitectura. Espaços e imagens a partir da BesArte com Daniel Malhão, Diogo Lopes, Inês Lobo, Joana Vilhena, Nuno Cera, Paulo Catrica, Paulo David, Ricardo Carvalho (Bes Arte & Finança, Teatro Thali e AppletonSquare). Fez parte do colectivo de comissários do Prémio EDP – Novos Artistas (2006-2011) e BESPhoto (2007-2009).
Actividades anteriores
WORKSHOP CURADORIA: HISTÓRIA E DESAFIO NA ERA DOS MUSEUS
20, 21, 23 e 24 de Fevereiro | FCSH*
20/02 e 21/02 – Multiusos 1, Edíficio ID | 18h00-21h00
23/02 e 24/02 – Sala T10, FCSH | 18h00-21h00
Organização: IHA/FCSH/NOVA
* Para os alunos dos Doutoramentos em Estudos Artísticos e História da Arte e Investigadores do IHA.
Resumo
O lugar da curadoria ganhou enorme destaque nas últimas décadas. De mero organizador de exposições, o curador passou a desempenhar uma função crítica que pretende contribuir na construção de novas narrativas para a história da arte moderna e contemporânea. Nosso objetivo no mini-curso de cinco aulas será o de analisar as condições em que se desenvolveu a atividade curatorial e em que medida é possível tratá-la, por um lado, como o desdobramento da atividade crítica (que teve um encolhimento paralelo no período) e, por outro, como uma instância crítica atuando dentro do espaço institucional.
A estratégia poética das colagens e o estatuto ensaístico de uma escrita crítica e filosófica, serão analisados como determinantes para o desenvolvimento da curadoria e seu desafio na experimentação de novas narrativas históricas. Duas exposições serão tratadas como paradigmáticas para o desenvolvimento da atividade curatorial, a saber: When Attitudes Become Form, de 1969, curada por Harald Szeemann; e Les Magiciens de la Terre, de 1989, curada por J.H. Matrtin. Em que medida estas curadorias foram além da mera composição de obras de arte para a redefinição da curadoria enquanto um dispositivo relacional e conceitual que se põe em obra numa exposição.
Bibliografia
PERLOFF, M. – O Momento Futurista, EDUSP, SP, 1993 (Cap.2).
ADORNO, T. – Notas de Literatura 1, Editora 34, SP, 2012 (Cap.1).
CELANT, G. (org.) – When Attitudes Become Form, Fondazione Prada, Berna 1969/ Veneza 2013.
STEEDS, L. (org.) – Making Art Global, Part 2: Magiciens de la terre, Afterall Books, Londres, 2014.
HOFFMANN , J. – Theater of Exhibitions, Sternberg Press, Berlim, 2015.
Orador convidado:
Luiz Camilo Osório (Rio de Janeiro, 1963) É Doutor em Filosofia, Professor do Departamento de Filosofia da PUC-Rio. Entre 2009 e 2015 foi Curador do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 2015 foi o curador do pavilhão brasileiro na Bienal de Veneza. Autor dos seguintes livros: Flavio de Carvalho, Cosac&Naify, SP, 2000; Abraham Palatnik, Cosac&Naify, SP, 2004; Razões da Crítica, Zahar, RJ, 2005 e Angelo Venosa, Cosac&Naify, SP, 2008, Olhar à Margem, SP, Editora SESI-SP/Cosac, 2016
Foi crítico de arte do jornal O Globo entre 1997 e 2008 e do conselho de curadoria do MAM-SP entre 2006 e 2008. Publicou ensaios e críticas em revistas e catálogos e fez curadorias independentes no Brasil e no exterior.
20, 21, 23 e 24 de Fevereiro | FCSH*
20/02 e 21/02 – Multiusos 1, Edíficio ID | 18h00-21h00
23/02 e 24/02 – Sala T10, FCSH | 18h00-21h00
Organização: IHA/FCSH/NOVA
* Para os alunos dos Doutoramentos em Estudos Artísticos e História da Arte e Investigadores do IHA.
Resumo
O lugar da curadoria ganhou enorme destaque nas últimas décadas. De mero organizador de exposições, o curador passou a desempenhar uma função crítica que pretende contribuir na construção de novas narrativas para a história da arte moderna e contemporânea. Nosso objetivo no mini-curso de cinco aulas será o de analisar as condições em que se desenvolveu a atividade curatorial e em que medida é possível tratá-la, por um lado, como o desdobramento da atividade crítica (que teve um encolhimento paralelo no período) e, por outro, como uma instância crítica atuando dentro do espaço institucional.
A estratégia poética das colagens e o estatuto ensaístico de uma escrita crítica e filosófica, serão analisados como determinantes para o desenvolvimento da curadoria e seu desafio na experimentação de novas narrativas históricas. Duas exposições serão tratadas como paradigmáticas para o desenvolvimento da atividade curatorial, a saber: When Attitudes Become Form, de 1969, curada por Harald Szeemann; e Les Magiciens de la Terre, de 1989, curada por J.H. Matrtin. Em que medida estas curadorias foram além da mera composição de obras de arte para a redefinição da curadoria enquanto um dispositivo relacional e conceitual que se põe em obra numa exposição.
Bibliografia
PERLOFF, M. – O Momento Futurista, EDUSP, SP, 1993 (Cap.2).
ADORNO, T. – Notas de Literatura 1, Editora 34, SP, 2012 (Cap.1).
CELANT, G. (org.) – When Attitudes Become Form, Fondazione Prada, Berna 1969/ Veneza 2013.
STEEDS, L. (org.) – Making Art Global, Part 2: Magiciens de la terre, Afterall Books, Londres, 2014.
HOFFMANN , J. – Theater of Exhibitions, Sternberg Press, Berlim, 2015.
Orador convidado:
Luiz Camilo Osório (Rio de Janeiro, 1963) É Doutor em Filosofia, Professor do Departamento de Filosofia da PUC-Rio. Entre 2009 e 2015 foi Curador do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 2015 foi o curador do pavilhão brasileiro na Bienal de Veneza. Autor dos seguintes livros: Flavio de Carvalho, Cosac&Naify, SP, 2000; Abraham Palatnik, Cosac&Naify, SP, 2004; Razões da Crítica, Zahar, RJ, 2005 e Angelo Venosa, Cosac&Naify, SP, 2008, Olhar à Margem, SP, Editora SESI-SP/Cosac, 2016
Foi crítico de arte do jornal O Globo entre 1997 e 2008 e do conselho de curadoria do MAM-SP entre 2006 e 2008. Publicou ensaios e críticas em revistas e catálogos e fez curadorias independentes no Brasil e no exterior.
Museu | Museum
12 Maio (qui) 14:00h-18:00h | 12 May (thu) 2pm-6pm
Sala Multiusos 2 - edifício I&D - FCSH-UNL, Av. de Berna 26-C, Lisboa
Moderação: Helena Barranha e Mariana Viterbo Brandão | Moderation: Helena Barranha e Mariana Viterbo Brandão
Programa
14:00h - Abertura
14:30h - Conferência O museu, o tempo e o silêncio por Silvina Rodrigues Lopes
com moderação de Nuno Crespo
15:30h - Conferência Os desafios da Exposição. A propósito de uma peça de Alberto Carneiro por Raquel Henriques da Silva
com moderação de Helena Barranha
16:30h - Mesa Redonda O Museu como performance. Museu performativo e performance musealizada?
com Cristina Grande, Pedro Rocha e Ricardo Nicolau
com moderação de Mariana Viterbo Brandão
18:00h - Encerramento
12 Maio (qui) 14:00h-18:00h | 12 May (thu) 2pm-6pm
Sala Multiusos 2 - edifício I&D - FCSH-UNL, Av. de Berna 26-C, Lisboa
Moderação: Helena Barranha e Mariana Viterbo Brandão | Moderation: Helena Barranha e Mariana Viterbo Brandão
Programa
14:00h - Abertura
14:30h - Conferência O museu, o tempo e o silêncio por Silvina Rodrigues Lopes
com moderação de Nuno Crespo
15:30h - Conferência Os desafios da Exposição. A propósito de uma peça de Alberto Carneiro por Raquel Henriques da Silva
com moderação de Helena Barranha
16:30h - Mesa Redonda O Museu como performance. Museu performativo e performance musealizada?
com Cristina Grande, Pedro Rocha e Ricardo Nicolau
com moderação de Mariana Viterbo Brandão
18:00h - Encerramento
O museu, o tempo e o silêncio por Silvina Rodrigues Lopes
Propõe-se uma reflexão que encontra no pensamento de Malraux e de Blanchot motivos que relacionam o museu com a multiplicidade de tempos de que participa o devir das obras de arte, e que lhes “restitui” o silêncio, inexpugnável, sem o qual ficariam mudas
Silvina Rodrigues Lopes (1950) é professora catedrática de Teoria da Literatura no Departamento de Estudos Portugueses da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É autora dos seguintes livros, entre outros: Tão simples como isso; Aprendizagem do incerto; E se-para; A legitimação em literatura; Teoria da despossessão (sobre textos de Maria Gabriela Llansol); Agustina Bessa-Luís: As hipóteses do romance; Carlos de Oliveira: o testemunho inadiável; Sobretudo as vozes; A inocência do devir (sobre poemas de Herberto Helder); Exercícios de aproximação; Literatura, defesa do atrito; A anomalia poética; A estranheza-em-comum. Foi codiretora da revista Elipse e é atualmente codiretora da revista Intervalo.
Os desafios da Exposição. A propósito de uma peça de Alberto Carneiro por Raquel Henriques da Silva
A exposição ANOS 70 ATRAVESSAR FRONTEIRAS (CAM/FCG 2009) permitiu a recriação/ alteração de importantes peças de diversos artistas portugueses com a participação decisória dos seus autores. Neste contexto, abordarei o caso da total reelaboração da peça escultórica de Alberto Carneiro, Árvore Jogo Lúdico em Sete Imagens Espelhadas, uma das quatro obras seleccionadas para representar Portuigal na 37ª Bienal de Veneza, em 1976. Embora não tenha chegado a ser então exposta, a obra, que fora mostrada na Galeria Quadrum em 1975, foi depois perdida na sua materialidade. Para a exposição de 2009, Carneiro refez completamente a peça a partir da sua definição conceptual. Este caso manifesta uma das áreas mais estimulantes do trabalho museológico: não só conservar as peças, mas recriá-las no sentido mais objectivo, assumindo o lugar de estaleiro que o museu vem assumindo nas últimas décadas.
Raquel Henriques da Silva é professora Associada na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Departamento de História da Arte (Portugal). Actualmente tem a coordenação científica do Mestrado em Museologia, do Departamento de História da Arte e a direcção do Instituto de História da Arte.Foi diretora do Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea (1994-97) e do Instituto Português de Museus (1997-2002). Autora de estudos de investigação e de inúmeras publicações nas áreas do urbanismo e arquitectura (século XIX-XX), artes plásticas e museologia. Tem também assinado a curadoria de diversas exposições de arte.
A exposição ANOS 70 ATRAVESSAR FRONTEIRAS (CAM/FCG 2009) permitiu a recriação/ alteração de importantes peças de diversos artistas portugueses com a participação decisória dos seus autores. Neste contexto, abordarei o caso da total reelaboração da peça escultórica de Alberto Carneiro, Árvore Jogo Lúdico em Sete Imagens Espelhadas, uma das quatro obras seleccionadas para representar Portuigal na 37ª Bienal de Veneza, em 1976. Embora não tenha chegado a ser então exposta, a obra, que fora mostrada na Galeria Quadrum em 1975, foi depois perdida na sua materialidade. Para a exposição de 2009, Carneiro refez completamente a peça a partir da sua definição conceptual. Este caso manifesta uma das áreas mais estimulantes do trabalho museológico: não só conservar as peças, mas recriá-las no sentido mais objectivo, assumindo o lugar de estaleiro que o museu vem assumindo nas últimas décadas.
Raquel Henriques da Silva é professora Associada na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Departamento de História da Arte (Portugal). Actualmente tem a coordenação científica do Mestrado em Museologia, do Departamento de História da Arte e a direcção do Instituto de História da Arte.Foi diretora do Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea (1994-97) e do Instituto Português de Museus (1997-2002). Autora de estudos de investigação e de inúmeras publicações nas áreas do urbanismo e arquitectura (século XIX-XX), artes plásticas e museologia. Tem também assinado a curadoria de diversas exposições de arte.
Mesa Redonda O Museu como performance. Museu performativo e performance musealizada? com Cristina Grande, Pedro Rocha e Ricardo Nicolau
O Museu de Serralves é reconhecido como uma das primeiras instituições nacionais a apresentar – paralelamente à organização de exposições – dança, performance e música experimental de forma regular. Em 2015, esta atenção às artes performativas sedimentou-se e complexificou-se com a primeira edição do programa anual “O Museu como Performance”, que durante um fim-de-semana apresentou, nas galerias do Museu e no Parque de Serralves, performances de jovens artistas nacionais e internacionais. A partir da apresentação dos projectos integrados na edição inaugural do programa, os seus curadores – Cristina Grande, Ricardo Nicolau e Pedro Rocha, curadores de dança e performance, artes visuais e música, respectivamente – partilham algumas reflexões sobre a actual relação entre museus e performance: em que é que a programação de performance nas suas salas modifica as concepções tradicionais de museu? O que pode significar esta atenção ao imaterial na relação dos museus com colecções e com públicos? Pode a performance ser coleccionável?
Ricardo Nicolau é escritor e comissário de exposições. Trabalha desde 2006 como Adjunto da Direcção Artística do Museu de Serralves, no Porto. Foi colaborador e director da revista de arte contemporânea Pangloss. É autor dos livros Fotografia na Arte (2006), co-publicado pelo jornal Público e pela Fundação de Serralves, Jotta Dossier (2009), editado pela Braço de Ferro e Que sais-je (Serralves, 2016). Entre 2006 e 2009 foi o curador responsável pela programação do espaço dedicado à arte contemporânea Chiado 8 - Culturgest, em Lisboa. Em 2009 e 2010 comissariou uma exposição individual de Pedro Barateiro na Casa de Serralves e duas mostras colectivas, “Emissores Reunidos” #1 e #2 com os artistas Isabel Carvalho, Marcelo Cidade, Nicolás Robbio e Renato Ferrão numa antiga estação de rádio na cidade do Porto. Também em 2010, comissariou “Entrevista Perpétua”, um programa de performances na Galeria Cristina Guerra, em Lisboa. Em 2013, comissariou para o Museu de Serralves uma exposição colectiva, “A Entrevista Perpétua” e em 2015 apresentou a mostra “Que sais-je? Livres et éditions d’artiste de Fondation de Serralves–musée d’art contemporain”, no CAPC de Bordéus e co-comissariou, com Cristina Grande e Pedro Rocha, o programa “O Museu como Performance”, que durante um fim-de-semana apresentou performances nas galerias do Museu de Serralves. Em 2016, comissariou em Serralves “O Livro da Sede”, exposição da dupla de artistas Mariana Caló e Francisco Queimadela.
O Museu de Serralves é reconhecido como uma das primeiras instituições nacionais a apresentar – paralelamente à organização de exposições – dança, performance e música experimental de forma regular. Em 2015, esta atenção às artes performativas sedimentou-se e complexificou-se com a primeira edição do programa anual “O Museu como Performance”, que durante um fim-de-semana apresentou, nas galerias do Museu e no Parque de Serralves, performances de jovens artistas nacionais e internacionais. A partir da apresentação dos projectos integrados na edição inaugural do programa, os seus curadores – Cristina Grande, Ricardo Nicolau e Pedro Rocha, curadores de dança e performance, artes visuais e música, respectivamente – partilham algumas reflexões sobre a actual relação entre museus e performance: em que é que a programação de performance nas suas salas modifica as concepções tradicionais de museu? O que pode significar esta atenção ao imaterial na relação dos museus com colecções e com públicos? Pode a performance ser coleccionável?
Ricardo Nicolau é escritor e comissário de exposições. Trabalha desde 2006 como Adjunto da Direcção Artística do Museu de Serralves, no Porto. Foi colaborador e director da revista de arte contemporânea Pangloss. É autor dos livros Fotografia na Arte (2006), co-publicado pelo jornal Público e pela Fundação de Serralves, Jotta Dossier (2009), editado pela Braço de Ferro e Que sais-je (Serralves, 2016). Entre 2006 e 2009 foi o curador responsável pela programação do espaço dedicado à arte contemporânea Chiado 8 - Culturgest, em Lisboa. Em 2009 e 2010 comissariou uma exposição individual de Pedro Barateiro na Casa de Serralves e duas mostras colectivas, “Emissores Reunidos” #1 e #2 com os artistas Isabel Carvalho, Marcelo Cidade, Nicolás Robbio e Renato Ferrão numa antiga estação de rádio na cidade do Porto. Também em 2010, comissariou “Entrevista Perpétua”, um programa de performances na Galeria Cristina Guerra, em Lisboa. Em 2013, comissariou para o Museu de Serralves uma exposição colectiva, “A Entrevista Perpétua” e em 2015 apresentou a mostra “Que sais-je? Livres et éditions d’artiste de Fondation de Serralves–musée d’art contemporain”, no CAPC de Bordéus e co-comissariou, com Cristina Grande e Pedro Rocha, o programa “O Museu como Performance”, que durante um fim-de-semana apresentou performances nas galerias do Museu de Serralves. Em 2016, comissariou em Serralves “O Livro da Sede”, exposição da dupla de artistas Mariana Caló e Francisco Queimadela.
Pedro Rocha é natural do Porto e sediado nesta mesma cidade, Pedro Rocha desenvolve atividade na área da curadoria de música e de outras práticas artísticas ligadas ao som desde 1998. A sua atividade principal tem sido a colaboração com o Museu de Arte Contemporânea de Serralves. O primeiro programa de Serralves para o qual contribuiu enquanto programador foi em 1999 por altura da exposição inaugural do museu, “Circa 1968”. Em 2001, assumiu o cargo de programador de música desta instituição sendo responsável pelas escolhas e participando na produção do programa anual de música e do festival “Serralves em Festa”. Neste âmbito, foi ainda co-programador do festival de artes performativas Trama, do ciclo Documente-se! e, mais recentemente, de “O Museu Como Performance”. Desde 1998, desenvolveu vários projetos na área do djing, a solo e em colaboração, geralmente explorando a música experimental e a eletrónica em diferentes contextos como rádio, bares e clubes, galerias e performances.
Em 2014, iniciou a colaboração enquanto curador de música convidado do centro de arte Hangar Bicocca em Milão.
Em 2014, iniciou a colaboração enquanto curador de música convidado do centro de arte Hangar Bicocca em Milão.
Cristina Grande é Coordenadora do Serviço de Artes Performativas e programadora de Dança Contemporânea e Performance do Auditório do Museu de Arte Contemporânea de Serralves. Foi programadora de Dança Contemporânea, no Teatro do Campo Alegre, no Porto, de Setembro 2000 a Julho de 2002. Desenvolve projectos de apoio à criação artística nas artes performativas, destacando a programação em Itália do projecto “Piccola Europa”, realizada a convite da Companhia Teatro delle Ariette, sediada em Castello di Serravalle (Bolonha). Neste âmbito, destaca a organização da residência artística Mugatxoan, realizada com as instituições Arteleku e La Laboral, dirigida por Ion Munduate e Blanca Calvo, a programação com um colectivo de curadores, do Festival Trama, dedicado à divulgação de formas experimentais da criação performativa contemporânea na música, teatro, dança e performance, e mais recentemente “O Museu Como Performance”. Desde Maio 2010 que integra o comité de experts dos Fundos Roberto Cimetta para as áreas da Dança e Performance, com funções de análise e selecção de dossiers para a atribuição de bolsas a artistas ligados a projectos situados na região euro - mediterrânea e particularmente no mundo árabe.
Moderadores
Nuno Crespo nasceu em Lisboa em 1975, cidade onde vive e trabalha. É licenciado e doutorado em filosofia pela Faculdade de Ciência Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e é investigador do Instituto de História da Arte da Universidade Nova de Lisboa. A suas actividades de investigação têm sido dedicadas ao cruzamento entre arte, arquitectura e filosofo e às possibilidades de exercício do pensamento crítico. E tem dedicado artigos a autores como Adolf Loos, Aldo Rossi, Kant, Peter Zumthor, Wittgenstein e Walter Benjamin. Das suas publicações podem destacar-se trabalhos sobre Adriana Molder, Aires Mateus, Axel Hütte, Bernd e Hilla Becher, Candida Höffer, Carrilho da Graça, Daniel Blaufuks, Fassbinder, Gerhard Richter, Luisa Cunha, Miguel Ângelo Rocha, Nuno Cera, Paulo David, Pedro Costa, Rui Chafes, Vasco Araújo, entre outros, e os livros “Wittgenstein e a Estética” editado pela Assírio & Alvim e “Julião Sarmento. Olhar Animal.” Em prolongamento das suas actividades de investigação é crítico de arte do Jornal Público e fez a curadoria de exposição como “Fantasmas” de Nuno Cera no CCB (Lisboa) “Corpo Impossível” com Adriana Molder, Noé Sendas, Rui Chafes e Vasco Araujo no Palácio de Queluz, “Encontro Marcado” de Adriana Molder no Museu de Belas Artes de Oviedo (Espanha), pela exposição antológica de Pires Vieira no Museu da Cidade de Lisboa, “Imponderável” Miguel Ângelo Rocha, “Involucão” de Rui Chafes na Casa-Museu Teixeira Lopes (Vila Nova de Gaia), “Serralves” de João Luis Carrilho da Graça (AppletonSquare), “Fragmentos. Arte Contemporânea na Colecção Berardo” (Museu de Arte Contemporânea de Elvas), “Aires Mateus. Voids” (AppletonSquare), Riso (Museu da Electricidade), "Dois deles de Jorge Molder" (Appleton Square), An-Arquitectura. Espaços e imagens a partir da BesArte com Daniel Malhão, Diogo Lopes, Inês Lobo, Joana Vilhena, Nuno Cera, Paulo Catrica, Paulo David, Ricardo Carvalho (Bes Arte & Finança, Teatro Thali e AppletonSquare). Fez parte do colectivo de comissários do Prémio EDP – Novos Artistas (2006-2011) e BESPhoto (2007-2009).
Nuno Crespo nasceu em Lisboa em 1975, cidade onde vive e trabalha. É licenciado e doutorado em filosofia pela Faculdade de Ciência Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e é investigador do Instituto de História da Arte da Universidade Nova de Lisboa. A suas actividades de investigação têm sido dedicadas ao cruzamento entre arte, arquitectura e filosofo e às possibilidades de exercício do pensamento crítico. E tem dedicado artigos a autores como Adolf Loos, Aldo Rossi, Kant, Peter Zumthor, Wittgenstein e Walter Benjamin. Das suas publicações podem destacar-se trabalhos sobre Adriana Molder, Aires Mateus, Axel Hütte, Bernd e Hilla Becher, Candida Höffer, Carrilho da Graça, Daniel Blaufuks, Fassbinder, Gerhard Richter, Luisa Cunha, Miguel Ângelo Rocha, Nuno Cera, Paulo David, Pedro Costa, Rui Chafes, Vasco Araújo, entre outros, e os livros “Wittgenstein e a Estética” editado pela Assírio & Alvim e “Julião Sarmento. Olhar Animal.” Em prolongamento das suas actividades de investigação é crítico de arte do Jornal Público e fez a curadoria de exposição como “Fantasmas” de Nuno Cera no CCB (Lisboa) “Corpo Impossível” com Adriana Molder, Noé Sendas, Rui Chafes e Vasco Araujo no Palácio de Queluz, “Encontro Marcado” de Adriana Molder no Museu de Belas Artes de Oviedo (Espanha), pela exposição antológica de Pires Vieira no Museu da Cidade de Lisboa, “Imponderável” Miguel Ângelo Rocha, “Involucão” de Rui Chafes na Casa-Museu Teixeira Lopes (Vila Nova de Gaia), “Serralves” de João Luis Carrilho da Graça (AppletonSquare), “Fragmentos. Arte Contemporânea na Colecção Berardo” (Museu de Arte Contemporânea de Elvas), “Aires Mateus. Voids” (AppletonSquare), Riso (Museu da Electricidade), "Dois deles de Jorge Molder" (Appleton Square), An-Arquitectura. Espaços e imagens a partir da BesArte com Daniel Malhão, Diogo Lopes, Inês Lobo, Joana Vilhena, Nuno Cera, Paulo Catrica, Paulo David, Ricardo Carvalho (Bes Arte & Finança, Teatro Thali e AppletonSquare). Fez parte do colectivo de comissários do Prémio EDP – Novos Artistas (2006-2011) e BESPhoto (2007-2009).
Helena Barranha formou-se em Arquitectura (Universidade Técnica de Lisboa, 1995), tem mestrado em Gestão do Património Cultural (Universidade do Algarve, 2001) e doutoramento em Arquitectura, com dissertação sobre Museus de Arte Contemporânea em Portugal (Universidade do Porto, 2008). É professora auxiliar no Instituto Superior Técnico – Universidade de Lisboa, investigadora do Instituto de Engenharia de Estruturas, Território e Construção e colabora também, desde 2007, com a Universidade Nova de Lisboa, no âmbito do mestrado em Museologia. Foi directora do Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado entre 2009 e 2012. A sua actividade profissional e de investigação centra-se no património arquitectónico, nos museus de arte contemporânea e nas exposições de arte digital, temas sobre os quais tem realizado vários estudos e publicações.
Mariana Viterbo Brandão nasceu em 1976 no Porto. Formada em Dança, licenciada e mestre em História da Arte pela F.L.U.P. Foi durante 12 anos professora de Dança e História da Dança. Colaboradora do Serviço Educativo do Museu de Serralves de 1999 a 2011. Pertenceu à equipa que implementou e geriu o Inov-Art, programa de bolsas internacionais administrado pela Direcção-Geral das Artes. É docente universitária na área de Performance e História da Dança. Foi desde 2011 bolseira de Doutoramento da Fundação Ciência e Tecnologia, tendo recentemente concluído na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa uma tese intitulada Passos em Volta: Dança versus Performance – Um cenário conceptual e artístico para o contexto português. Investigadora associada do CIEBA, F.B.A.U.L.
Crítica e Curadoria | Criticism and Curatorship
26 Fev ( sex) 14:00h-18:00h | 26 Feb (fri) 2pm-6pm
Sala Multiusos 2 - edifício I&D - FCSH-UNL, Av. de Berna 26-C, Lisboa
Moderação: Sandra Vieira Jürgens | Moderation: Sandra Vieira Jürgens
Programa
14:00h - Abertura
14:30h - Conferência A Virada Curatorial por Luiz Camillo Osorio
com moderação de João Pedro Cachopo
16:00h - Pausa
16:30h - Mesa Redonda - Curadoria em Modo Crítico: David Santos e Paulo Mendes
com moderação de Sandra Vieira Jürgens
18:00h - Encerramento
A Virada Curatorial por Luiz Camillo Osorio
Qual a relação entre crítica e curadoria? Há um desdobramento crítico no espaço expositivo ou uma domesticação da crítica no espaço institucional? Diante destas questões abordarei a genealogia do que viria a se denominar virada curatorial da arte contemporânea. Em seguida, tratarei brevemente do Reina Sofia que me parece o melhor exemplo de um museu que soube incorporar a dimensão crítica ao partido curatorial assumido pela instituição, terminando com duas exposições no MAM-Rio durante o período de minha gestão como curador que me parecem ajudar no esclarecimento dos desafios inerentes à referida virada.
Luiz Camilo Osório (Rio de Janeiro, 1963) É Doutor em Filosofia, Professor do Departamento de Filosofia da PUC-Rio. Entre 2009 e 2015 foi Curador do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 2015 foi o curador do pavilhão brasileiro na Bienal de Veneza. Autor dos seguintes livros: Flavio de Carvalho, Cosac&Naify, SP, 2000; Abraham Palatnik, Cosac&Naify, SP, 2004; Razões da Crítica, Zahar, RJ, 2005 e Angelo Venosa, Cosac&Naify, SP, 2008. Foi crítico de arte do jornal O Globo entre 1997 e 2008 e do conselho de curadoria do MAM-SP entre 2006 e 2008. Publicou ensaios e críticas em revistas e catálogos e fez curadorias independentes no Brasil e no exterior.
Curadoria em modo crítico
É possível compreender uma exposição enquanto ensaio crítico? Nesta mesa-redonda, dedicada à crítica e curadoria, à prática e ao pensamento de organização de exposições, pretendemos refletir sobre práticas de cultura crítica nesse domínio, privilegiando as tensões e fricções, a diferença e diversidade de posicionamentos, discursos e processos criativos de produção curatorial.
David Santos é Historiador de arte e curador de arte moderna e contemporânea. Doutorado em Arte Contemporânea pelo Colégio das Artes da Universidade de Coimbra. É atualmente Curador-Geral da BF16 (Bienal de Fotografia / V.F. Xira). Foi Diretor do Museu do Neorrealismo de 2007 a 2013 e Diretor do Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado de dezembro de 2013 a julho de 2015. Autor de diversos estudos sobre arte publicados em catálogos e volumes coletivos, publicou ainda “Marcel Duchamp e o readymade – Une Sorte de Rendez-vous” (Assírio & Alvim, 2007) e “A Reinvenção do Real – Curadoria e Arte Contemporânea no Museu do Neorrealismo”, (Documenta, 2014). Foi distinguido em 2015 com o Prémio (ex aequo) de Crítica e Ensaística de Arte e Arquitetura – AICA/Fundação Carmona e Costa, e ainda com o Prémio APOM de Investigação. Foi também docente convidado do ensino superior na Escola da Artes da Universidade Católica Portuguesa (2001-2004, Porto), na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (2015), e professor assistente na Escola Superior de Design do IADE, entre 1998 e 2009. Foi crítico de arte nos semanários “Já” (1996), “O Independente” (1997-2000), e nas revistas “Arte Ibérica” (1997-2000), “Artecapital.net” (2006-2007) e “Arqa – revista de arquitetura e arte” (2000-2013). É mestre em História Política e Social (Universidade Lusófona), pós-graduado em História de Arte e licenciado em História, variante de História de Arte, (ambos pela FCSH da Universidade Nova de Lisboa).
Paulo Mendes é artista plástico de formação, comissário de exposições e produtor de projetos culturais. Apresenta o seu trabalho individualmente e em coletivo desde o início da década de 90. Ao longo de vinte e cinco anos de trabalho, participou em aproximadamente trezentos projetos expositivos e performativos, tendo comissariado e produzido mais de setenta exposições, independentes e institucionais, que marcaram o desenvolvimento do trabalho de uma nova geração de criadores e lhe proporcionaram um extenso conhecimento das práticas artísticas em Portugal.
Arte, Crítica e Emancipação | Art, Criticism and Emancipation
4 Jun (qui) 14:00h-18:30h | 4 Jun 2pm-6.30pm
Sala Multiusos 2 - edifício I&D - FCSH-UNL, Av. de Berna 26-C, Lisboa
Moderação: João Pedro Cachopo e Nuno Crespo| Moderation: João Pedro Cachopo e Nuno Crespo
Declarado o fim das grandes narrativas – nomeadamente a da emancipação – a discussão sobre a relação entre arte e política tem oscilado entre o cepticismo dos que suspeitam no nexo estético-político um mot de passe para a adopção de uma posição paternalista ou autoritária no campo das artes e a impaciência dos que, pelo contrário, reconhecem nessa mesma relação o fundamento último das práticas artísticas. Os diversos equívocos a que a pura e simples oposição destas duas sensibilidades conduz convida a uma reformulação do problema e, antes de mais, a uma reapreciação dos termos que lhe conferem inteligibilidade. Abra-se, pois, um leque de questões, seguindo o fio dos conceitos de “arte”, “crítica” e “emancipação”. Desde logo, a seguinte: seria possível pensar em “modo menor” – quer dizer, já não como grande narrativa – a noção de emancipação? E, se assim for, residiria nesse desvio a chave para retomar, a outra luz, a questão das valências políticas da arte? E que consequências para a crítica de arte decorrem desta reapreciação da relação entre arte e emancipação?
Programa
14h-16h
Moderação: João Pedro Cachopo (CESEM/FCSH-UNL)
Teresa Cadete (FLUL): “Uma organicidade construtivista? Nota sobre o quarto vértice da estética schilleriana”
Diogo Sardinha (Collège International de Philosophie): “Estratégias críticas para a emancipação”
Pedro Duarte (PUC-Rio): “A tradição moderna dos manifestos”
16h-16h30 Pausa
16h30-18h30
Moderação: Nuno Crespo (IHA/FCSH-UNL)
Carla Filipe: “O fracasso da promessa de emancipação?”
José Filipe Costa: “Pesquisa e esboços para uma montagem teatral”
António Pinto Ribeiro: “Crítica, naufrágio e redenção”
Comunicações
Diogo Sardinha (Collège International de Philosophie): “Estratégias críticas para a emancipação”
Pensamos por vezes que a crítica é um trabalho simplesmente negativo, ora de estabelecimento de limites mas sem definição de conteúdos próprios, ora de condenação de um passado e de um presente mas sem criação de novas formas de existência. De encontro a estas duas interpretações, tentaremos mostrar que a crítica bem compreendida, sobretudo quando associada a preocupações emancipatórias, toma sempre a forma de um “contra algo” que é simultaneamente um “a favor de outra coisa”. Para tal, um recurso aos usos kantiano e nietzschiano da crítica parece ser útil, sobretudo quando integrados na história de algumas estratégias críticas para a emancipação, pensadas entre a literatura, a ética e a política.
Diogo Sardinha é desde 2013 presidente do Colégio Internacional de Filosofia em Paris e o primeiro não-francês a ocupar este cargo desde a fundação do Colégio em 1983. Aí dirige o programa de investigação “Violência e política”. Licenciado em filosofia pela Universidade de Lisboa (1997) e doutorado pela Universidade de Paris Nanterre sob a oritentação de Étienne Balibar (2005), publicou entre outros os livros Ordre et temps dans la philosophie de Foucault (Paris, 2011) e L’Émancipation de Kant à Deleuze (Paris, 2013). É membro integrado do Centro de Filosofia das Ciências da Universidade de Lisboa.
Teresa Cadete (FLUL): “Uma organicidade
construtivista? Nota sobre o quarto vértice da estética schilleriana”
Nos seus escritos estéticos, elaborados por assim dizer nos bastidores da sua produção dramática, Schiller reflecte sobre o equilíbrio precário entre autonomia e heteronomia como critérios fundamentais para uma teoria estética liberta de restrições desnecessárias à economia da obra. Embora o conceito de “heautonomie”, adoptado da terceira crítica kantiana, surja apenas nas “Kalias-Briefe” de 1793, poderíamos dizer que os princípios reguladores de tal conceito atravessam toda a reflexão teórica do autor, na medida em que permitem simultaneamente diferenciar e articular momentos libertadores de uma nova estética, como “quarto vértice” sensível e objectivo (de certo modo como contraponto da estética “racional e subjectiva” kantiana) que aponta para uma modernidade sustentável. Esses momentos libertadores, resumidos como “verdade continuando a viver na ilusão” (9ª Carta sobre a Educação Estética), poderão ser lidos como um desafio ao sentido da medida e desmesura estéticas.
Teresa Cadete nasceu em Lisboa, onde reside. Formação académica na Freie Universität Berlin em Germanística, Ciências Políticas e Ciências da Comunicação. Doutoramento na Universidade de Lisboa (onde lecciona no Curso de Comunicação e Cultura da Faculdade de Letras) com uma tese sobre a perspectiva antropológica e a análise civilizacional na obra teórica de Friedrich Schiller (1989). Professora catedrática na mesma Faculdade.
Para além de numerosas publicações na área da teoria e história da cultura, bem como da tradução das obras teóricas de Friedrich Schiller (Sobre a Educação Estética do Ser Humano numa série de Cartas e outros Textos, 1994, Textos sobre o Belo, o Sublime e o Trágico, 1997, Sobre Poesia Ingénua e Sentimental, 2003, todos na INCM), publicou seis romances e narrativas dispersas sob o nome de Teresa Salema.
Últimas publicações: Entre o Arco e o Labirinto. Estudos de Teoria e História da Cultura (Lisboa: INCM 2011) e Material Idea. On the Legibility of Culture. (Lisboa: UCP 2014)
Nos seus escritos estéticos, elaborados por assim dizer nos bastidores da sua produção dramática, Schiller reflecte sobre o equilíbrio precário entre autonomia e heteronomia como critérios fundamentais para uma teoria estética liberta de restrições desnecessárias à economia da obra. Embora o conceito de “heautonomie”, adoptado da terceira crítica kantiana, surja apenas nas “Kalias-Briefe” de 1793, poderíamos dizer que os princípios reguladores de tal conceito atravessam toda a reflexão teórica do autor, na medida em que permitem simultaneamente diferenciar e articular momentos libertadores de uma nova estética, como “quarto vértice” sensível e objectivo (de certo modo como contraponto da estética “racional e subjectiva” kantiana) que aponta para uma modernidade sustentável. Esses momentos libertadores, resumidos como “verdade continuando a viver na ilusão” (9ª Carta sobre a Educação Estética), poderão ser lidos como um desafio ao sentido da medida e desmesura estéticas.
Teresa Cadete nasceu em Lisboa, onde reside. Formação académica na Freie Universität Berlin em Germanística, Ciências Políticas e Ciências da Comunicação. Doutoramento na Universidade de Lisboa (onde lecciona no Curso de Comunicação e Cultura da Faculdade de Letras) com uma tese sobre a perspectiva antropológica e a análise civilizacional na obra teórica de Friedrich Schiller (1989). Professora catedrática na mesma Faculdade.
Para além de numerosas publicações na área da teoria e história da cultura, bem como da tradução das obras teóricas de Friedrich Schiller (Sobre a Educação Estética do Ser Humano numa série de Cartas e outros Textos, 1994, Textos sobre o Belo, o Sublime e o Trágico, 1997, Sobre Poesia Ingénua e Sentimental, 2003, todos na INCM), publicou seis romances e narrativas dispersas sob o nome de Teresa Salema.
Últimas publicações: Entre o Arco e o Labirinto. Estudos de Teoria e História da Cultura (Lisboa: INCM 2011) e Material Idea. On the Legibility of Culture. (Lisboa: UCP 2014)
Pedro Duarte (PUC-Rio):
“A tradição moderna dos manifestos”
Os manifestos foram parte fundamental da arte e da política modernas. Essa separação, contudo, nem sequer pode ser rígida. Os primeiros manifestos estéticos dos românticos tinham caráter político e o Manifesto comunista também tem arte. Estava em jogo a articulação das duas coisas, a partir deste gênero novo e vanguardista, espécie de prosa poética reflexiva e polêmica: o manifesto. Seu cerne era o exercício da crítica. Desde o fim do século XVIII, funda-se uma tradição moderna do manifesto, que alcança até a década de 1970. No Brasil, o discurso "É proibido proibir", de Caetano Veloso, em 1968, foi um dos últimos grandes momentos desta tradição. Será que hoje ainda pertencemos a ela? Será que o nexo emancipatório entre arte e política permanece o mesmo? Ou precisamos achar novas formas para compreender o sentido crítico - tal como o definiu Walter Benjamin - da arte? O objetivo desta intervenção será investigar a tradição dos manifestos para, ao fim, abrir tais perguntas à sua inserção na época contemporânea.
Pedro Duarte nasceu e vive no Rio de Janeiro. Doutor e Mestre em Filosofia pela PUC-Rio, onde atualmente é Professor na Graduação, na Pós-Graduação e na Especialização em Arte e Filosofia. Foi Professor Visitante nas universidades Brown (EUA) e Södertörns (Suécia). É autor dos livros Estio do tempo: Romantismo e estética moderna (Zahar) e A palavra modernista: vanguarda e manifesto (Casa da Palavra). Publicou diversos artigos em revistas acadêmicas e na grande mídia. Ênfase de pesquisa em Estética, Filosofia Contemporânea, Cultura Brasileira e História da Filosofia. É membro do grupo de trabalho em Estética na ANPOF.
Os manifestos foram parte fundamental da arte e da política modernas. Essa separação, contudo, nem sequer pode ser rígida. Os primeiros manifestos estéticos dos românticos tinham caráter político e o Manifesto comunista também tem arte. Estava em jogo a articulação das duas coisas, a partir deste gênero novo e vanguardista, espécie de prosa poética reflexiva e polêmica: o manifesto. Seu cerne era o exercício da crítica. Desde o fim do século XVIII, funda-se uma tradição moderna do manifesto, que alcança até a década de 1970. No Brasil, o discurso "É proibido proibir", de Caetano Veloso, em 1968, foi um dos últimos grandes momentos desta tradição. Será que hoje ainda pertencemos a ela? Será que o nexo emancipatório entre arte e política permanece o mesmo? Ou precisamos achar novas formas para compreender o sentido crítico - tal como o definiu Walter Benjamin - da arte? O objetivo desta intervenção será investigar a tradição dos manifestos para, ao fim, abrir tais perguntas à sua inserção na época contemporânea.
Pedro Duarte nasceu e vive no Rio de Janeiro. Doutor e Mestre em Filosofia pela PUC-Rio, onde atualmente é Professor na Graduação, na Pós-Graduação e na Especialização em Arte e Filosofia. Foi Professor Visitante nas universidades Brown (EUA) e Södertörns (Suécia). É autor dos livros Estio do tempo: Romantismo e estética moderna (Zahar) e A palavra modernista: vanguarda e manifesto (Casa da Palavra). Publicou diversos artigos em revistas acadêmicas e na grande mídia. Ênfase de pesquisa em Estética, Filosofia Contemporânea, Cultura Brasileira e História da Filosofia. É membro do grupo de trabalho em Estética na ANPOF.
Carla Filipe: “O
fracasso da promessa de emancipação?”
Uma vez propuseram-me uma colaboração com um realizador de cinema. Disse: “Sim, mas a minha colaboração será observá-lo. Não há nenhum objecto; é apenas observá-lo” = saco roto.
Tornou-se quase uma prática da instituição querer o objecto: a glorificação da arte que, de certa forma, está interligada com a industria cultural. Mas onde cabe o pensamento?
Rancière fala-nos do olhar, sendo uma acção que confirma ou transforma a distribuição de posições de dominação e sujeição, referindo a obra como um terceiro elemento.
Buren evoca igualmente a observação como uma procura. É na observação e na procura que está o lugar da emancipação. Um longo caminho onde a gerência de tensões é mediada pelo artista até chegar ao terceiro elemento = a obra.
Apresentarei três projectos onde a observação foi essencial. São projectos irrepetíveis que tiveram o seu próprio lugar e momento, como: “Desterrado”, um site specific para a Manifesta 8; “Não fechar, voltamos todos os dias”, um projeto pensado para a galeria Solar; e “da cauda á cabeça”, um momento de reflexão para o Museu Berardo.
Carla Filipe nasceu em Póvoa do Valado em 1973 e vive no Porto. Licenciada em Artes Plásticas-Escultura pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto e mestre em Práticas Artísticas Contemporâneas pela mesma instituição. Em 2009/10, foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian no Acme Studios em Londres e, em 2014, fez a residência artística na AirAntwerp. Começou a expor em 2001, destacando-se as seguintes exposições individuais: "Não fechar, voltamos todos os dias", Galeria Solar, Vila do Conde (2014); “da cauda à cabeça”, Museu Berardo (2014); "Arquivo Surdo-Mudo/Deaf and Dumb Archive", Tranzit Display, Praga (2011); "Saloio”, Estufa da Tapada das Necessidades, Lisboa (2011); das exposições colectivas destacam-se “The Lynx knows no boundaries”, Fondation DÉntreprise Ricard, Paris (2015); “Mom, am i Barbarian?”, 13th Bienal de Istambul (2013); “Région de Murcia en Diálogo con el Norte de África”, Manifesta 8 (2010) Espanha; “Busca Pólos” Centro Cultural de Vila Flor (Guimarães) e Pavilhão Centro de Portugal (Coimbra) uma co-produção entre o Centro C. Vila Flor e Museu de Serralves (2006). Entre várias publicações, Carla Filipe editou em 2013, As primas da Bulgária (Kunsthalle Lissabon, Lisboa) e Boletim CP (Editorial Concreta, Valência), e em 2010, An illustrated guide to the British Railway to my study (edição de autor). Destaca-se ainda a primeira monografia dedicada à artista, da cauda à cabeça (Museu Coleção Berardo e Archive Books, 2014).
Uma vez propuseram-me uma colaboração com um realizador de cinema. Disse: “Sim, mas a minha colaboração será observá-lo. Não há nenhum objecto; é apenas observá-lo” = saco roto.
Tornou-se quase uma prática da instituição querer o objecto: a glorificação da arte que, de certa forma, está interligada com a industria cultural. Mas onde cabe o pensamento?
Rancière fala-nos do olhar, sendo uma acção que confirma ou transforma a distribuição de posições de dominação e sujeição, referindo a obra como um terceiro elemento.
Buren evoca igualmente a observação como uma procura. É na observação e na procura que está o lugar da emancipação. Um longo caminho onde a gerência de tensões é mediada pelo artista até chegar ao terceiro elemento = a obra.
Apresentarei três projectos onde a observação foi essencial. São projectos irrepetíveis que tiveram o seu próprio lugar e momento, como: “Desterrado”, um site specific para a Manifesta 8; “Não fechar, voltamos todos os dias”, um projeto pensado para a galeria Solar; e “da cauda á cabeça”, um momento de reflexão para o Museu Berardo.
Carla Filipe nasceu em Póvoa do Valado em 1973 e vive no Porto. Licenciada em Artes Plásticas-Escultura pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto e mestre em Práticas Artísticas Contemporâneas pela mesma instituição. Em 2009/10, foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian no Acme Studios em Londres e, em 2014, fez a residência artística na AirAntwerp. Começou a expor em 2001, destacando-se as seguintes exposições individuais: "Não fechar, voltamos todos os dias", Galeria Solar, Vila do Conde (2014); “da cauda à cabeça”, Museu Berardo (2014); "Arquivo Surdo-Mudo/Deaf and Dumb Archive", Tranzit Display, Praga (2011); "Saloio”, Estufa da Tapada das Necessidades, Lisboa (2011); das exposições colectivas destacam-se “The Lynx knows no boundaries”, Fondation DÉntreprise Ricard, Paris (2015); “Mom, am i Barbarian?”, 13th Bienal de Istambul (2013); “Région de Murcia en Diálogo con el Norte de África”, Manifesta 8 (2010) Espanha; “Busca Pólos” Centro Cultural de Vila Flor (Guimarães) e Pavilhão Centro de Portugal (Coimbra) uma co-produção entre o Centro C. Vila Flor e Museu de Serralves (2006). Entre várias publicações, Carla Filipe editou em 2013, As primas da Bulgária (Kunsthalle Lissabon, Lisboa) e Boletim CP (Editorial Concreta, Valência), e em 2010, An illustrated guide to the British Railway to my study (edição de autor). Destaca-se ainda a primeira monografia dedicada à artista, da cauda à cabeça (Museu Coleção Berardo e Archive Books, 2014).
José Filipe Costa:
“Pesquisa e esboços para uma montagem teatral”
A partir de uma experiência de pesquisa no Rio de Janeiro, questionarei formas de o cinema se apropriar de algo que se apresenta como problema candente a resolver pela sociedade brasileira: o auto de resistência, uma figura criada durante a ditadura militar em 1969, para justificar as mortes perpetradas pela policia quando lhe é oferecida resistência, mediante violência ou ameaça física. Aquilo que iliba muitos dos polícias indiciados por abuso dessa figura, é também palco de uma montagem teatral, uma farsa, em que terminologias e métodos se confundem com os procedimentos da própria criação teatral e cinematográfica. Como pode um filme dar conta desta montagem? Far-se-á um roteiro pela pesquisa, materiais recolhidos e pelas questões levantadas durante o processo de trabalho.
José Filipe Costa é doutorado pelo Royal College of Art, Londres. Tem leccionado na ETIC, IADE e Universidade Lusófona e foi professor visitante na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Realizou várias curtas metragens e documentários, entre os quais o último Linha Vermelha (2011).
A partir de uma experiência de pesquisa no Rio de Janeiro, questionarei formas de o cinema se apropriar de algo que se apresenta como problema candente a resolver pela sociedade brasileira: o auto de resistência, uma figura criada durante a ditadura militar em 1969, para justificar as mortes perpetradas pela policia quando lhe é oferecida resistência, mediante violência ou ameaça física. Aquilo que iliba muitos dos polícias indiciados por abuso dessa figura, é também palco de uma montagem teatral, uma farsa, em que terminologias e métodos se confundem com os procedimentos da própria criação teatral e cinematográfica. Como pode um filme dar conta desta montagem? Far-se-á um roteiro pela pesquisa, materiais recolhidos e pelas questões levantadas durante o processo de trabalho.
José Filipe Costa é doutorado pelo Royal College of Art, Londres. Tem leccionado na ETIC, IADE e Universidade Lusófona e foi professor visitante na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Realizou várias curtas metragens e documentários, entre os quais o último Linha Vermelha (2011).
António Pinto Ribeiro:
“Crítica, naufrágio e redenção”
Se a crítica perdeu autonomia, se naufraga entre o niilismo e a ausência de pragmatismo que razões há para persistir nesta tarefa? Entre a condenação de Sísifo e a redençâo só possível pelo combate.
António Pinto Ribeiro é professor-conferencista convidado de várias universidades internacionais e professor-auxiliar convidado na Universidade Católica. A par da sua actividade de investigador e de professor tem tido uma prática de programação artística e de curadoria. Foi o Director Artístico da Culturgest desde a sua fundação em 1992 até 2004. Foi consultor da Fundação Gulbenkian (2003-2015) para a qual concebeu e dirigiu vários programas: Programa Gulbenkian Criatividade e Criação Artística (2004-2009), o Fórum Cultural “O Estado do Mundo” (2006-07), Distância e Proximidade (2008), Programa Gulbenkian de Cultura Contemporânea Próximo Futuro (2009-2015). Foi curador convidado do MAR-Museu de Arte do Rio (2013-14).
Da sua obra publicada destaca-se: A Dança da Idade do Cinema (1991), Dança Temporariamente Contemporânea (1994), Por exemplo a cadeira - ensaio sobre as artes do corpo (1997), Corpo a Corpo: sobre as possibilidades e os limites da crítica (1997), Ser feliz é imoral? Ensaios sobre cultura, cidades e distribuição (2000), Melancolia (romance, 2003), Abrigos: condições das cidades e energia da cultura (2007), À Procura da Escala (2009), É Março e é Natal em Ouagadougou (2010), Questões Permanentes (2011), Miscelânea (2015).
Se a crítica perdeu autonomia, se naufraga entre o niilismo e a ausência de pragmatismo que razões há para persistir nesta tarefa? Entre a condenação de Sísifo e a redençâo só possível pelo combate.
António Pinto Ribeiro é professor-conferencista convidado de várias universidades internacionais e professor-auxiliar convidado na Universidade Católica. A par da sua actividade de investigador e de professor tem tido uma prática de programação artística e de curadoria. Foi o Director Artístico da Culturgest desde a sua fundação em 1992 até 2004. Foi consultor da Fundação Gulbenkian (2003-2015) para a qual concebeu e dirigiu vários programas: Programa Gulbenkian Criatividade e Criação Artística (2004-2009), o Fórum Cultural “O Estado do Mundo” (2006-07), Distância e Proximidade (2008), Programa Gulbenkian de Cultura Contemporânea Próximo Futuro (2009-2015). Foi curador convidado do MAR-Museu de Arte do Rio (2013-14).
Da sua obra publicada destaca-se: A Dança da Idade do Cinema (1991), Dança Temporariamente Contemporânea (1994), Por exemplo a cadeira - ensaio sobre as artes do corpo (1997), Corpo a Corpo: sobre as possibilidades e os limites da crítica (1997), Ser feliz é imoral? Ensaios sobre cultura, cidades e distribuição (2000), Melancolia (romance, 2003), Abrigos: condições das cidades e energia da cultura (2007), À Procura da Escala (2009), É Março e é Natal em Ouagadougou (2010), Questões Permanentes (2011), Miscelânea (2015).
Fracasso e Ausências. A Crítica de Arte em Portugal | Failure and Absences. Art Criticism in Portugal.
9 Abr (qui) 14h-18h| 9 Apr (thu) 2pm-6pm
Sala Multiusos 2 - edifício I&D - FCSH-UNL, Av. de Berna 26-C, Lisboa
Moderação: Nuno Crespo e Sandra Vieira Jürgens | Moderation: Nuno Crespo and Sandra Vieira Jürgens
Um
Género de Crítica
Emília Tavares
De que forma pode o género e as questões igualitárias com ele relacionadas determinar o âmbito da influência feminina na crítica de arte em Portugal? Qual o papel da sua afirmação, em que tempo histórico e contexto o mesmo se tem constituído, qual a amplitude do espaço igualitário ou não da sua actividade. Uma oportunidade para debater algumas questões sobre o modo e o espaço de visibilidade que a crítica produzida por mulheres tem tido no campo artístico.
Conservadora e curadora para a área da Fotografia e Multimédia, no Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado - (Lisboa). Mestre em História da Arte pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É investigadora de História da Fotografia. Tem desenvolvido uma actividade regular na área da crítica, bem como na realização de seminários e conferências, em diversas instituições. Tem diversos ensaios/catálogos publicados sobre fotografia portuguesa e cultura visual. Comissariou diversas exposições no âmbito da história da fotografia e da arte contemporânea portuguesas.
Emília Tavares
De que forma pode o género e as questões igualitárias com ele relacionadas determinar o âmbito da influência feminina na crítica de arte em Portugal? Qual o papel da sua afirmação, em que tempo histórico e contexto o mesmo se tem constituído, qual a amplitude do espaço igualitário ou não da sua actividade. Uma oportunidade para debater algumas questões sobre o modo e o espaço de visibilidade que a crítica produzida por mulheres tem tido no campo artístico.
Conservadora e curadora para a área da Fotografia e Multimédia, no Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado - (Lisboa). Mestre em História da Arte pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É investigadora de História da Fotografia. Tem desenvolvido uma actividade regular na área da crítica, bem como na realização de seminários e conferências, em diversas instituições. Tem diversos ensaios/catálogos publicados sobre fotografia portuguesa e cultura visual. Comissariou diversas exposições no âmbito da história da fotografia e da arte contemporânea portuguesas.
Reflexividade para Julgar
Idalina Conde
Esta comunicação aborda a crítica na problemática ampla do reconhecimento nos espaços artísticos. A crítica é uma mediação fundamental, discursiva, e mais do que judicativa: reflexiva. Ao invés da perspetiva liminar sobre a crítica para a imputação de valor, refere-se um estudo sobre arte contemporânea revelador de um espaço de reflexividade plural e partilhada em muitos aspetos por várias vozes da crítica, e de críticos. Reflexividade que produz inteligibilidade e pensamento sobre as práticas artísticas antes de simplesmente julgar. Para além de circunstâncias que debilitem a atividade da crítica no contexto nacional, nesse exercício dessa reflexividade permanece o seu papel, e poder, intelectual e hermenêutico.
Doutorada em sociologia, com especialização em arte e da cultura, professora no ISCTE-IUL Instituto Universitário de Lisboa, e investigadora do CIES – Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do ISCTE-IUL. Autora de diversos estudos, comunicações e publicações na área da sociologia da arte e da cultura, na qual realizou desde 2006 o projeto Reconhecimento em Arte. Autora também de abordagens biográficas aplicadas à condição artística, bem como iconográficas sobre o património europeu e arte contemporânea.
Idalina Conde
Esta comunicação aborda a crítica na problemática ampla do reconhecimento nos espaços artísticos. A crítica é uma mediação fundamental, discursiva, e mais do que judicativa: reflexiva. Ao invés da perspetiva liminar sobre a crítica para a imputação de valor, refere-se um estudo sobre arte contemporânea revelador de um espaço de reflexividade plural e partilhada em muitos aspetos por várias vozes da crítica, e de críticos. Reflexividade que produz inteligibilidade e pensamento sobre as práticas artísticas antes de simplesmente julgar. Para além de circunstâncias que debilitem a atividade da crítica no contexto nacional, nesse exercício dessa reflexividade permanece o seu papel, e poder, intelectual e hermenêutico.
Doutorada em sociologia, com especialização em arte e da cultura, professora no ISCTE-IUL Instituto Universitário de Lisboa, e investigadora do CIES – Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do ISCTE-IUL. Autora de diversos estudos, comunicações e publicações na área da sociologia da arte e da cultura, na qual realizou desde 2006 o projeto Reconhecimento em Arte. Autora também de abordagens biográficas aplicadas à condição artística, bem como iconográficas sobre o património europeu e arte contemporânea.
Alguns links do estudo Reconhecimento em Arte:
4ª Parte disponível brevemente.
Cânone, Coragem e Circunstância
João Pinharanda
A mudança de contextos (entre os anos 1980 e os anos 2010); como se viveram essas mudanças, resistência e/ou adaptação a elas; como se mantiveram, abriram ou alteraram os cânones de apreciação crítica. A sucessão geracional e os que vão ficando (a última ruptura, o consenso interminável e a dificuldade em lidar com a arte massificada); como se foram usando os meios de informação, criação e reflexão e como se foi ganhando a vida (do jornalismo à curadoria, à política cultural e à academia); o que fica do que passa.
Moçambique, 1957. Lic. em História e mestrado em História da Arte. Colaboração em revistas internacionais nos anos de 1980. Colaboração em periódicos nacionais (Expresso, J.L. entre 1984 e 1989 e do PÚBLICO, entre 1990 e 2000). Primeira exposição comissariada em 1985; mais de uma centena de exposições desde então. Retrospectivas de António Areal, Manuel Botelho, João Jacinto, Jorge Pinheiro, Manuel Baptista, etc. Colaboração na Europália e exposições de artistas nacionais na Cidade do México, Moscovo, Rio de Janeiro, Madrid e S. Paulo. Comissário da representação portuguesa ao Arco (Madrid) em 1998. Constituiu o núcleo inicial da Colecção Cachola em 1999 e dirigiu o MACElvas/ColecçãoCachola, entre 2007 e 2010. Presidente da secção portuguesa da AICA entre 2007 e 2010. Organizador dos Prémios de Arte, curador da Colecção de Arte e programador artístico da Fundação EDP desde 2010. Numerosa colaboração em obras colectivas sobre História da Arte em Portugal (séc. XX/XXI).
João Pinharanda
A mudança de contextos (entre os anos 1980 e os anos 2010); como se viveram essas mudanças, resistência e/ou adaptação a elas; como se mantiveram, abriram ou alteraram os cânones de apreciação crítica. A sucessão geracional e os que vão ficando (a última ruptura, o consenso interminável e a dificuldade em lidar com a arte massificada); como se foram usando os meios de informação, criação e reflexão e como se foi ganhando a vida (do jornalismo à curadoria, à política cultural e à academia); o que fica do que passa.
Moçambique, 1957. Lic. em História e mestrado em História da Arte. Colaboração em revistas internacionais nos anos de 1980. Colaboração em periódicos nacionais (Expresso, J.L. entre 1984 e 1989 e do PÚBLICO, entre 1990 e 2000). Primeira exposição comissariada em 1985; mais de uma centena de exposições desde então. Retrospectivas de António Areal, Manuel Botelho, João Jacinto, Jorge Pinheiro, Manuel Baptista, etc. Colaboração na Europália e exposições de artistas nacionais na Cidade do México, Moscovo, Rio de Janeiro, Madrid e S. Paulo. Comissário da representação portuguesa ao Arco (Madrid) em 1998. Constituiu o núcleo inicial da Colecção Cachola em 1999 e dirigiu o MACElvas/ColecçãoCachola, entre 2007 e 2010. Presidente da secção portuguesa da AICA entre 2007 e 2010. Organizador dos Prémios de Arte, curador da Colecção de Arte e programador artístico da Fundação EDP desde 2010. Numerosa colaboração em obras colectivas sobre História da Arte em Portugal (séc. XX/XXI).
Crítica no PREC: Eduardo Batarda no Sempre Fixe, 1974/75
Mariana Pinto dos Santos
Entre 1974 e 1975 Eduardo Batarda, recém-chegado de Londres, escreveu a crítica de arte mais informada e contundente de que há memória em Portugal, nas páginas do semanário Sempre Fixe, causando surpresa e depois incómodo. Nessas críticas expôs variadas contradições de agentes artísticos da época, analisando sem condescendências exposições, performances, intenções. A minha apresentação comentará brevemente esses textos, no contexto do PREC, procurando contribuir para algumas interrogações sobre as possibilidades da crítica.
Mariana Pinto dos Santos é investigadora do Instituto de História da Arte da FCSH-UNL. Tem trabalhado temas de teoria e historiografia de arte relacionando a escrita da história da arte portuguesa com artistas e autores específicos, como Ernesto de Sousa, Almada Negreiros ou Eduardo Batarda. É autora do livro Vanguarda & Outras Loas, Percurso Teórico de Ernesto de Sousa (Assírio & Alvim, 2007) e do trabalho de investigação e escrita do catálogo Outra Vez Não. Eduardo Batarda (Museu de Serralves/Assírio & Alvim, 2011). Desenvolve trabalho para o projecto de investigação Modernismos do Sul/Southern Modernisms (IHA). É editora e faz parte da associação de tipografia e edições O Homem do Saco.
Mariana Pinto dos Santos
Entre 1974 e 1975 Eduardo Batarda, recém-chegado de Londres, escreveu a crítica de arte mais informada e contundente de que há memória em Portugal, nas páginas do semanário Sempre Fixe, causando surpresa e depois incómodo. Nessas críticas expôs variadas contradições de agentes artísticos da época, analisando sem condescendências exposições, performances, intenções. A minha apresentação comentará brevemente esses textos, no contexto do PREC, procurando contribuir para algumas interrogações sobre as possibilidades da crítica.
Mariana Pinto dos Santos é investigadora do Instituto de História da Arte da FCSH-UNL. Tem trabalhado temas de teoria e historiografia de arte relacionando a escrita da história da arte portuguesa com artistas e autores específicos, como Ernesto de Sousa, Almada Negreiros ou Eduardo Batarda. É autora do livro Vanguarda & Outras Loas, Percurso Teórico de Ernesto de Sousa (Assírio & Alvim, 2007) e do trabalho de investigação e escrita do catálogo Outra Vez Não. Eduardo Batarda (Museu de Serralves/Assírio & Alvim, 2011). Desenvolve trabalho para o projecto de investigação Modernismos do Sul/Southern Modernisms (IHA). É editora e faz parte da associação de tipografia e edições O Homem do Saco.
Pedro Faro
“Lançar uma revista de arte num meio acanhado como o nosso, onde quase todas as tentativas literárias e artísticas falham por falta de auxílio do público, é, já por si, digno de admiração, pelo que tem de arrojado”
(Entrevista a Fernando Pessoa, a propósito do lançamento da revista Athena, 1924)
Criada em 2004, a L+arte publicou o seu último número em Março de 2011.
Todos os meses, a L+arte procurou dar a conhecer, criticamente, exposições, em Portugal e no mundo, colecções privadas nunca antes mostradas, jovens artistas promissores. A L+arte procurou oferecer, ainda, aos artistas, nacionais e internacionais, um espaço para exporem os seus projectos e deu voz aos mais prestigiados agentes culturais do país. Ao tentar constituir-se como uma plataforma crítica plural, contando com a colaboração de profissionais de diferentes áreas de formação e investigação, no âmbito da arte, publicou vários modos ou géneros de escrita que relevaram que o campo da crítica, expandindo-se, pode assumir diferentes formas de experiência e de ensaio sobre a arte. Mas deparou-se, igualmente, com constrangimentos diversos que poderão ajudar a caracterizar um certo estado actual da crítica em Portugal.
Partindo da análise dos diferentes conteúdos que podem assumir os diferentes textos que foram escritos sobre arte, na L+arte, analisamos alguns dos aspectos essenciais subjacentes a esta actividade. Os diferentes tipos de texto sobre arte, necessariamente críticos, parecem constituir um património fundamental para a compreensão das obras de arte. Quais são os instrumentos, regras, limitações, fragilidades, instituições, afinidades, que podem enformar um texto sobre arte para imprensa, na actualidade?
Pedro Faro (Lisboa, 1976). Crítico e Historiador da Arte. Formado em História da Arte pela FCSH - Universidade Nova de Lisboa, e em Comunicação Empresarial, pela Escola Superior de Comunicação Social de Lisboa. Colaborou na revista L+arte (de 2006 a 2011). Foi consultor de Artes Visuais do programa de televisão Câmara Clara, na RTP2 (de 2010 a 2012). Tem desenvolvido e colaborado em várias actividades e projectos de investigação, divulgação, crítica e produção no âmbito da arte contemporânea. Tem colaborado, desde 2013, com o Atelier-Museu Júlio Pomar na produção de exposições, no projecto museológico, na edição de livros e investigação sobre a obra do artista. Integra a secção portuguesa da AICA (Associação Internacional de Críticos de Arte), desde 2009. Actualmente faz parte da direcção da AICA.
“Lançar uma revista de arte num meio acanhado como o nosso, onde quase todas as tentativas literárias e artísticas falham por falta de auxílio do público, é, já por si, digno de admiração, pelo que tem de arrojado”
(Entrevista a Fernando Pessoa, a propósito do lançamento da revista Athena, 1924)
Criada em 2004, a L+arte publicou o seu último número em Março de 2011.
Todos os meses, a L+arte procurou dar a conhecer, criticamente, exposições, em Portugal e no mundo, colecções privadas nunca antes mostradas, jovens artistas promissores. A L+arte procurou oferecer, ainda, aos artistas, nacionais e internacionais, um espaço para exporem os seus projectos e deu voz aos mais prestigiados agentes culturais do país. Ao tentar constituir-se como uma plataforma crítica plural, contando com a colaboração de profissionais de diferentes áreas de formação e investigação, no âmbito da arte, publicou vários modos ou géneros de escrita que relevaram que o campo da crítica, expandindo-se, pode assumir diferentes formas de experiência e de ensaio sobre a arte. Mas deparou-se, igualmente, com constrangimentos diversos que poderão ajudar a caracterizar um certo estado actual da crítica em Portugal.
Partindo da análise dos diferentes conteúdos que podem assumir os diferentes textos que foram escritos sobre arte, na L+arte, analisamos alguns dos aspectos essenciais subjacentes a esta actividade. Os diferentes tipos de texto sobre arte, necessariamente críticos, parecem constituir um património fundamental para a compreensão das obras de arte. Quais são os instrumentos, regras, limitações, fragilidades, instituições, afinidades, que podem enformar um texto sobre arte para imprensa, na actualidade?
Pedro Faro (Lisboa, 1976). Crítico e Historiador da Arte. Formado em História da Arte pela FCSH - Universidade Nova de Lisboa, e em Comunicação Empresarial, pela Escola Superior de Comunicação Social de Lisboa. Colaborou na revista L+arte (de 2006 a 2011). Foi consultor de Artes Visuais do programa de televisão Câmara Clara, na RTP2 (de 2010 a 2012). Tem desenvolvido e colaborado em várias actividades e projectos de investigação, divulgação, crítica e produção no âmbito da arte contemporânea. Tem colaborado, desde 2013, com o Atelier-Museu Júlio Pomar na produção de exposições, no projecto museológico, na edição de livros e investigação sobre a obra do artista. Integra a secção portuguesa da AICA (Associação Internacional de Críticos de Arte), desde 2009. Actualmente faz parte da direcção da AICA.